Problemas enfrentados com as concessionárias
Nos últimos anos, o mercado de energia solar fotovoltaica no Brasil tem se destacado como uma alternativa sustentável e economicamente vantajosa para consumidores residenciais e empresariais. No entanto, nos últimos meses, os integradores de energia solar enfrentam desafios significativos ao submeterem seus projetos para as concessionárias de energia elétrica do país. Um dos principais entraves que esses profissionais têm encontrado é a alegação de “inversão do fluxo de potência” por parte das concessionárias, o que tem causado muitos impactos financeiros e operacionais no setor.
O Boicote à Energia Solar
A Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR) tem alertado para uma situação em que a suspensão e o cancelamento arbitrários de projetos de energia solar, tanto em residências quanto em empresas, estão resultando em prejuízos financeiros que ultrapassam a marca dos bilhões de reais. Essa preocupante realidade é resultado de uma alegada hostilidade das concessionárias de distribuição de energia elétrica em relação à geração distribuída (GD), a modalidade que permite que os consumidores gerem sua própria eletricidade.
A ABSOLAR conduziu uma pesquisa que abrangeu 715 empresas integradoras em todo o Brasil, especializadas em projetos e instalação de sistemas fotovoltaicos. Os resultados apontaram para a existência de aproximadamente 1 GW em projetos represados pelas concessionárias de energia elétrica, com mais de 3,1 mil pedidos de conexão sendo cancelados e suspensos. Algumas das distribuidoras que se destacam nesse cenário incluem a CEMIG em Minas Gerais, a CPFL Paulista no interior de São Paulo, a RGE no Rio Grande do Sul, a COELBA na Bahia e a ELEKTRO em parte do território paulista e no Mato Grosso do Sul.
Os Desafios em Minas Gerais
Minas Gerais, um dos estados mais afetados por essa problemática, enfrenta a Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG) justificando a suspensão de projetos de energia solar com base na alegação de “saturação de rede”. Essa afirmação significa que a concessionária alega não possuir a capacidade de absorver a energia gerada pelos sistemas fotovoltaicos em suas subestações e aguarda orientações do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) para resolver o problema.
Essa situação tem causado prejuízos significativos para integradores e consumidores, uma vez que os projetos ficam em um impasse, e muitas empresas estão enfrentando dificuldades financeiras. Além disso, os integradores se queixam de um ciclo vicioso em que a CEMIG não oferece soluções claras, apenas adiando a resolução dos problemas!
Em Busca de Soluções
Para enfrentar esses problemas, associações do setor solar, como o Movimento Solar Livre (MSL), têm tomado medidas para pressionar a CEMIG e outras concessionárias. O MSL, por exemplo, buscou apoio do deputado federal Celso Russomanno para convocar uma audiência pública na Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados, com o objetivo de discutir e encontrar soluções para os casos de suspensão de prazo pela CEMIG e ONS.
A Postura das Concessionárias e da ANEEL
As concessionárias, incluindo a CEMIG, argumentam que estão trabalhando para atender todas as solicitações de conexão de sistemas fotovoltaicos dentro dos prazos e normas estabelecidos pela legislação. Elas também destacam que informações sobre o volume de conexões podem ser obtidas junto à Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).
A ANEEL, por sua vez, informou que solicitou dados às distribuidoras para analisar o comportamento de cada concessionária e está fiscalizando a situação.
A Complexidade da “Inversão do Fluxo de Potência”
Uma das principais razões pelas quais as concessionárias rejeitam projetos de energia solar é a alegação de “inversão do fluxo de potência”. Isso ocorre quando a geração distribuída produz mais energia do que o consumo local na rede elétrica, revertendo o fluxo de eletricidade na rede. No entanto, especialistas apontam que a reversão de fluxo nem sempre é prejudicial e que a simples existência desse fenômeno não deveria ser motivo para a reprovação de projetos. Além disso, a geração distribuída traz muito mais benefícios para a rede da concessionária do que o contrário, já que evita perdas de transmissão e distribuição de energia.
Posição da SolarView
A SolarView acredita que o boicote à geração distribuída é um total absurdo e se posiciona em defesa do integrador fotovoltaico e do mercado de GD. Inclusive com participação em manifestações pacíficas de mobilização frente às concessionárias de energia. O setor de geração distribuída é um mercado que gera emprego, renda, economia e sustentabilidade a milhões de brasileiros. E está só no início, com potencial de crescimento gigantesco para os próximos anos.
Conclusão
Os desafios enfrentados pelos integradores de energia solar no Brasil são preocupantes, principalmente devido à alegação de inversão de fluxo de potência por parte das concessionárias. É fundamental que se busquem soluções que promovam o desenvolvimento sustentável do setor solar, garantindo transparência e respeito às normas vigentes. O diálogo entre as partes envolvidas, incluindo as concessionárias, a ANEEL e os representantes do setor solar, é essencial para encontrar soluções que beneficiem tanto os consumidores quanto a economia local e o meio ambiente.
Referências
Canal Solar:
https://canalsolar.com.br/cemig-trava-projetos-e-causa-prejuizo-as-empresas-do-setor-solar/
Portal Solar:
https://www.portalsolar.com.br/noticias/mercado/geracao-distribuida/restricoes-contra-instalacoes-de-energia-solar-causam-r-3-bilhoes-em-prejuizo/