Preciso informar a geração junto à rede mesmo com uso de Grid Zero?
A geração distribuída no Brasil se tornou realidade em 2012 com a resolução normativa 482/2012, e vem se ampliando sobretudo com a utilização da energia solar fotovoltaica. No entanto, em 2023 a realidade do mercado teve uma reviravolta com a validação da lei 14.300/2022. Com isso se tornou mais comum pareceres indeferidos, pelas concessionárias, sob alegação de “Fluxo Reverso” ou inversão de fluxo de potência.
Para solucionar as questões de fluxo reverso, foi criada a estratégia Grid Zero, a qual consiste de: Inversor com medidor inteligente de alta precisão, que juntos utilizam comandos elétricos para limitar ou desligar o gerador de acordo com o fluxo de corrente aferido pelo medidor. De forma mais simples, o medidor verifica se a potência de geração está ganhando (maior) da potência de carga, e com isso informa ao inversor que decide se deve ou não baixar a geração a fim de não injetar nenhuma potência na rede. Saiba mais aqui.
Aos que já estão familiarizados com a área, já é de comum saber que para acessar a rede da concessionária e compor a rede de geração distribuída, é obrigatório a homologação e aprovação do projeto.
Porque informamos a entrada na rede?
Para o funcionamento da rede do SEP (Sistema Elétrico de Potência) o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), responsável pela coordenação e controle da operação das instalações de geração e transmissão de energia elétrica do Sistema Interligado Nacional (SIN), solicita regularmente intervenções de manutenção, ampliação e modernização da linha; para tal, é necessário que o mesmo esteja ciente de todos os atores envolvidos no sistema, seja por questões técnicas da rede, seja por questão de segurança dos operadores. Isso inclui as gerações distribuídas.
Assim, as concessionárias estão impondo limites de exportação de energia ao longo do dia. Isso significa que os integradores e proprietários de sistemas solares devem ajustar a quantidade de energia que seus sistemas injetam na rede, mantendo-se dentro dos limites estabelecidos.
Mas se o Grid Zero não injeta energia na rede, porque informar?
Qualquer que seja a intervenção à rede, exige protocolos bem elaborados de segurança ao operador, dentre esses protocolos compõem: Análise de Risco e ASTA (Abrir, Sinalizar, Testar e Aterrar).
A Análise de Risco é feita através de um formulário, listando pela equipe que irá realizar o procedimento, os riscos no ato de realizar a manobra. É importante para a análise que os mesmos tenham ciência dos riscos em que estão se expondo e quais estratégias tomar para minimizar as chances de acidentes.
O ASTA é a sigla para o procedimento de segurança de que consiste do processo padrão de: Abrir a chave; sinalizar que a rede está sendo operada; testar se a rede está de fato desenergizada; e aterrar a sela neutro (cabo guia que faz a equipotencialização do eletricista à rede).
A existência de uma unidade geradora na linha em que está sendo trabalhada, influencia tanto na composição da análise de risco e principalmente no formato da malha terra, que varia a depender da característica da linha trabalhada.
O sistema não impede que injete corrente na rede?
Sim, o protocolo Grid Zero, Zero Grid ou Zero Export tem como premissa a não injeção na rede. No entanto, todo sistema de eletrônica pode apresentar falhas de comunicação (como por exemplo “delay”) ou operação, o que pode vir a levar a injeção na rede, mesmo que por breve instantes. As chances são pequenas e existe um segundo sistema de proteção obrigatório, o chamado Anti-ilhamento, responsável por desligar a geração quando a rede é desligada.
Então porque informar à concessionária de energia?
Apesar de ter chances de injeção tendendo a ínfimas, é extremamente recomendável a prática de informar a concessionária a instalação de sistema fotovoltaico com a tecnologia Grid Zero, por solidariedade aos colegas eletricistas. Para que os riscos associados à ter uma geradora na linha, componha a análise de risco do próprio operador que pode vir a se acidentar por falta dessa informação.
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